Caleidoscópio
Me pergunto em que esquina
se perdem os encontros
aquela fração de completude em que
se desdobram nossas delicadezas...
Em que mosaico infecundo
deixam-se esquecidos
o corpo de tudo o que somos?
Em qual vil ilusão
recolhem-se olhares antes submersos?
Me pergunto como ainda posso ver-te
se te encontro no passado
Se hoje teus olhos refletem o espectro
do que fui quando ainda fazia sentido
Uma tórrida ignorância
adorna e entorpece razões cabíveis
que não sabem precisar em qual esfera
se desintegram os instantes em que
a finitude é esquecida...
É apenas a tenaz indagação
quem preenche a razão tangenciada no escuro:
Será o tempo o destinatário da alma
ou a alma se desconhece em tempos?
Elisa Gaivota
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirA primeira vez que li esse poema, vi a delicadeza das palavras que se tornam imagem. Quando agora vejo palavras e imagem, Manoel de Barros me vem à mente:
ResponderExcluir- Imagens são palavras que nos faltaram.
- Poesia é a ocupação da palavra pela Imagem.
- Poesia é a ocupação da Imagem pelo Ser.
(Em RETRATO QUE SE PODE VER PERFEITAMENTE NADA de "O GUARDADOR DE ÁGUAS")
O corpo de tudo que somos tem tantas formas de (i)materialização, e o lirismo de sua poesia/imagem me dá um dos mais belos sentidos.
Na mágica de seu Caleidoscópio, vejo ser o tempo o destinatário da alma ao mesmo tempo que a alma se desconhece e se desencontra para o perfeito enlace do encontro necessário, esperado e cultivado num tempo livre de temporalidades.
E mais Barros porque sua poesia é competente para dálias, lírios, orquídias, rosas...
IV
No Tratado das Grandezas do Ínfimo estava
escrito:
Poesia é quando a tarde está competente para
Dálias.
É quando
Ao lado de um pardal o dia dorme antes.
Quando o homem faz sua primeira lagartixa
É quando um trevo assume a noite
E um sapo engole as auroras
(Em UMA DIDÁICA DA INVENÇÃO do "LIVRO DAS IGNORANÇÃS")
Beijos,
Vanessa Martins.
"Sol fazia
ResponderExcluirSó não fazia sentido" Paulo Leminsky
Alguns encontros casuais tendem a ser tão duradouros que chegamos a duvidar da casualidade. Mesmo assim, suas perguntas permanecem sem resposta...
ResponderExcluirQue tal um livro de arte, com seus fotopoemas, onde cada palavra vale mais que mil imagens?
E no entanto, quando voltarmos para a foto contemplada, num lampejo de sentido, nos sentiremos melhor do que éramos há um minuto. Será tudo ilusão?
Já vivo sonhando acordado.
Sem falar do teu sorriso! Beijo de um fã.
Henrique
Muito obrigada pelo carinho Henrique...
ResponderExcluirGabi, sempre com poucas palavras sintetiza em entrelinhas os sentidos e sentimentos...
Vanessa, seu comentário é tão profundo que em poucas palavras não poderia retribuí-lo... fica o meu agradecimento pelo carinho de lerem os rascunhos, ou melhor as raízes dos meus momentos... um beijo enorme para vocês.
Elisa querida, sei que a rima é barata, mas esse poema tem mesmo uma delicadeza que só a verdadeira grandeza concede. Ler seus poemas é entrar num lindo labirinto de palavras e não e importar onde vc vai sair, pq sempre vamos sair melhores. Pra mim o mais importante de tudo é que esses encontros mesmo efêmeros, podendo ou não ser eternos, ACONTECEM.
ResponderExcluirSem mais palavras minha amiga, espero um encontro próximo pra desobrarmos nossas delicadezas numa mesa de bar.
Parabéns!
Beijos!!